BROA QUENTINHA COM CHEIRO DE ASSA-PEIXE
Antes
de colocar para assar, as quitandas, ela, com uma vassoura de assa-peixe, começa
a varrer o forno retirando toda a cinza que restou e também as brasas. O cheiro
é delicioso, pois a planta ao queimar solta um aroma agradável. Minha mãe então
coloca os tabuleiros de broa no forno e espera. Daí a pouco está pronta. A broa
sai quentinha. Nunca me esqueci da mistura daqueles aromas: fumaça, assa-peixe e
broa quente. Cheiro de alegria, aconchego, carinho de mãe. Ainda hoje, às vezes
estou fazendo qualquer coisa e sinto aquele cheiro de minha infância.
Imediatamente meus pensamentos viajam na felicidade da vida livre no campo
junto de minha família, principalmente minha mãe, da qual guardo imensa saudade,
por não se encontrar mais entre nós. Vejo-me a correr por aqueles pastos onde á
tarde, uma brisa suave sobrava amenizando o calor dos raios do sol que se
escondia atrás do Morro da capoeira. A vida passava de mansinho e calmamente.
Lembre-me muito desse ritual. Era minha a incumbência de ir buscar o assapeixe para varrer o forno. Adorava ficar ao lado da mamãe vendo-a amassar as quitandas. "Ronaldo, coloca mais um ovo. Ela me pedia. "Acho que agora a massa tá no ponto. Vai buscar o assapeixe para a gente varrer as brasas". Incrível como fica na memória o cheiro da folha verde queimando. Ainda bem que existem os sonhos e não linearidade do tempo.
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